segunda-feira, 5 de julho de 2010

Conceito Bobath ou Tratamento Neuro - Evolutivo


O conceito Bobath é um processo de reeducação funcional ativa. O método conta com uma interação constante entre paciente e terapeuta.

O tratamento neuro evolutivo tem passado por várias mudanças desde 1943, quando iniciou. O Conceito Bobath foi influenciado pela técnica Facilitação Neuro – Muscular Proprioceptiva (Kabat): estimulação proprioceptiva para obter uma resposta tônica; por Roods, na estimulação tátil e por Peto, quando observa o problema na coordenação e padrões da atividade funcional e não nos músculos isolados. No início, o conceito Bobath era direcionado apenas para o tratamento em crianças, porém Berta e karel Bobath desenvolveram seu método para a reabilitação de hemiplegia em indivíduos adultos, a partir de observações e manuseios aplicadas a crianças portadoras de paralisia cerebral.

As principais mudanças foram:

1. No início utilizaram as posturas inibitórias dos reflexos, isto é, a inibição dos padrões dos reflexos tônicos em supino (D.D.), sentado e etc.., por meio de posicionamento e manutenção da postura. No entanto, pelo envolvimento do controle total por todo o corpo pelo terapeuta, o paciente não se movia.

2. Depois houve uma associação das posturas de inibição reflexa com o desenvolvimento neuro psíco- motor (controle de cabeça, rolar, sentar, ajoelhar, semi – ajoelhado, em pé e andar), porém mesmo assim observaram que o tratamento era ainda passivo e o paciente não se movia de modo funcional.

3. Então começaram a analisar que a base para as habilidades das crianças normais moverem – se contra a gravidade e para suas diferentes variedades de movimentos e destrezas, era o desenvolvimento das reações de equilíbrio e endireitamento, assim verificaram que a facilitação da seqüência de movimentos automáticos, iria direcionar o tratamento para um modo mais dinâmico. E a maneira seria por meio do uso de pontos chaves de controle (zonas de estimulação do corpo), que promove a facilitação da atividade normal como também inibição das atividades anormais. Então o método passou a usar muito mais os padrões dinâmicos de inibição reflexa do que posturas de inibição de reflexos estáticos. No entanto, analisaram que a criança se movia muito, mas não ocorria inibição necessária dos padrões anormais.

4. Observaram que com o desenvolvimento motor normal, por exemplo: o sentar, a criança tenderia a usar suas mãos em outras atividades e isto requereria um ajuste no equilíbrio, então passaram a intercalar o uso dos pontos chaves que facilitam a atividade normal nas posturas, como também tirar as mão da criança para estimular o equilíbrio delas.

Assim o principal objetivo do tratamento com o método bobath é utiliza – lo como um meio para facilitar o reaprendizado do movimento normal estimulando a atividade funcional, inibindo os padrões anormais, integrando todas as reações normais e não como um exercício isolado.

O método baseia – se nos princípios segundo os quais, após uma lesão do SNC, haverá tanto aumento do tônus muscular (hipetonia) como da atividade reflexa anormal (reações associadas), estas emergem como resultado da falta de inibição do mecanismo reflexo postural e do excesso de recrutamento de unidades motoras devido a fraqueza de alguns grupamentos musculares. O método desencoraja a utilização de movimentos anormais, afirmando que os mesmos, se praticados reforçar – se – ão ainda mais. Assim o tônus pode ser influenciado pela alteração da posição ou do movimento do tronco. E o procedimento para a facilitação consiste no uso de “pontos chaves de controle”, tais como: cabeça, tronco, cinturas escapular e pélvica e distalmente os pés e as mãos.

A escolha da posição do tratamento é influenciada pela distribuição patológica do tônus e pelo padrão estático e a resposta do paciente ao manuseio é que orienta os procedimentos do método.

As técnicas empregadas dependem do estágio de recuperação em que o paciente se encontra, ou seja, o estágio inicial ou de flacidez, o estágio de hipertonia e o estágio de recuperação relativa.

Mecanismo de Reflexo Postural Normal

1. Mecanismo de Controle Postural Normal:

§ Tônus postural normal:

Tônus muscular é o estado de tensão normal do músculo. A qualidade do tônus postural normal deve ser de tal forma que possamos conseguir tanto a mobilidade quanto a estabilidade, isto é, alto o suficiente para manter – nos contra a gravidade mas, ao mesmo tempo, com movimentos suaves e coordenados.

Quando ocorre uma lesão do sistema nervoso central, o tônus pode sofrer algumas alterações, como: hipertonia, hipotonia (no início da lesão ,ou em cça com ataxia, ou atetose), flutuação, plástico e global e elástica e eletiva. OBS: a hipotonia também se dá em lesão completa do sistema nervoso periférico.

§ Interação reciproca normal (inervação):

A co – contração dos agonistas, antagonistas e sinergistas que permite a boa coordenação de padrões de postura e de movimento.

Ela dá os pré – requisitos para atividade automática e voluntária como:

q Fixação sinérgica proximal para permitir a mobilidade distal;

q Adaptação/ajuste automático de músculos para mudanças posturais;

q Controle graduado de agonista e antagonista, isto é, a co – contração normal para o ritmo, graduação e direção dos movimentos.

ÞInervação reciproca anormal pode ser caracterizada por:

q estabilidade demais e movimentos não suficientes “típico da criança com espasticidade”;

q mobilidade demais e estabilidade não suficiente “típico da criança com ataxia e atetose”.

§ Base das habilidade funcionais:

São todas as variações de padrões de movimentos que estão presentes para permitir o ajustamento, adaptação e a variedade de possibilidade na forma de se lidar com as diversas exigências do ambientes. Este padrões são moldados pelo SNC e eles são o feedback e o feedforward, ou seja, o controle por feedback envolve a resposta a uma perturbação externa (o movimento é ajustado de acordo com a informação sensorial resultante). O controle por feed-forward envolve a previsão e a antecipação para responder a acidentes futuros da estabilidade (preparação do movimento está baseada na previsão).”

Distúrbios dos padrões de movimentos, geram:

q Falta de variedade de movimento;

q Falta de organização do movimento;

q Falta de seletividade;

2. Reações de Equilíbrio e de Endireitamento:

A atividade de postura reflexa normal produz a base para o movimento normal e habilidade funcionais. O mecanismo de postura reflexa normal (MPRN) tem muitas reações posturais dinâmicas que funcionam juntas para a manutenção da estabilidade e ajustamento da postura antes, durante e depois do movimento

Reações posturais são movimentos ativos ou mudanças no tonos que são controladas e automatizadas subcorticalmente (em muitos níveis de integração). O desenvolvimento da coordenação na infância caminha passo a passo com o desenvolvimento das reações posturais, enquanto a criança aprende a tornar- se ativa contra a gravidade e a mover – se de forma eficiente.

Três grupos de reações foram identificadas e atuam em conjunto para formar o MPRN.

§ Reações de endireitamento (retificação);

§ Reações de equilíbrio;

§ Reações de proteção;

A. As reações de endireitamento:

Reação de endireitamento são reações automáticas que servem para manter ou restaurar a posição normal da cabeça no espaço e sua normal relação com o tronco, juntamente com o normal alinhamento do tronco e pernas.

§ reação labiríntica de retificação;

§ reação de retificação cervical;

§ reação de retificação do corpo agindo sobre o corpo;

§ reação de retificação do corpo agindo sobre a cabeça;

§ reação óptica de retificação (endireitamento);

Þ Este grupo de reações produz:

§ Base para o controle da cabeça e do tronco;

§ Alinhamento;

§ Rotação sobre o eixo do corpo (de rotação);

§ Ajustamento e orientação postural pelo uso da visão;

B. As reações de equilíbrio:

O balance é a habilidade de manter o equilíbrio e a orientação em um ambiente gravitacional, ou seja, uma habilidade que o sistema nervoso aprende a realizar usando diferentes sistemas incluindo os elementos biomecânicos passivos, todos os sistemas sensoriais e músculos disponíveis e muitas partes diferentes do cérebro. Deste modo, o sistema nervoso é pró- ativo, adaptativo e centralmente organizado – baseado em experiências passadas e intenções.

São reações que mantêm e recuperam nossa estabilidade durante todas as atividades. Elas se inter – relacionam com as reações de retificação (endireitamento), envolvendo os padrões das reações de retificação (por exemplo, controle de cabeça; rotação no eixo do corpo) e funcionando com eles.

Esses ajustamentos posturais podem, algumas vezes, resultar somente em mudanças de tonos, mas em grandes deslocamentos eles são vistos como movimentos opostos de diferentes amplitudes para recuperar o centro de gravidade e o alinhamento.

Eles podem ser testados por meio da movimentação do corpo em um suporte fixo ou uma superfície móvel, mas são melhor testados na função para a qual eles são necessários, por exemplo, alcançar um brinquedo.

O equilíbrio é determinado por três fontes sensoriais: sistema vestibular, sistema visual e sistema proprioceptivo.

Os três principais pontos que influenciam na estabilidade do corpo são: base de sustentação, centro de gravidade e linha de gravidade.

C. As reações de proteção:

Essas formam a última etapa da defesa e são o elo de ligação entre as reações de endireitamento e equilíbrio no desenvolvimento da criança.

Elas são eliciadas quando:

§ o centro de gravidade é bastante deslocado para que as reações de equilíbrio e de endireitamento atuem;

§ a velocidade de deslocamento é alta demais para que as reações de equilíbrio surjam.

Pontos Chaves de Controle:

São pontos pelos quais reduzimos a espasticidade e simultâneamente facilitamos reações posturais e de movimentos mais normais.

1. Cabeça – extensão da cabeça (com retração da cintura escapular):

a) Elevação da cabeça quando em prono, sentado e em pé ajuda em muitos casos, a facilitar a extensão do resto do corpo. Mas se houver uma influência da atividade reflexa tônica simétrica quando a cabeça for levantada, pode ocorrer flexão nos quadris e membros inferiores, e isso, embora haja extensão de pescoço e coluna, pode levar à lordose e aumentar a espasticidade flexora nos quadris e pernas.

Se a elevação da cabeça produzir um padrão de extensão global, será útil nas posições prono e em pé, mas vai interferir com a flexão do quadril na postura sentada.

b) Flexão da cabeça com protração da cintura escapular. Isso vai inibir a espasticidade extensora ou os espasmos extensores, (por exemplo, nos pacientes espásticos e atetóides com uma forte retração de pescoço e de ombro quando eles estão em supino), e facilitar o controle da cabeça quando puxados para sentar, e quando virar para os dois lados. Vai inibir também a hiper-tensão dos quadris e joelhos nos atetóides quando em pé e na marcha.

2. Membros superiores e cintura escapular:

a) Toda rotação interna com protração de ombro inibe o espasmo extensor e é útil nos atetóides, mas nos pacientes espásticos essa manobra aumenta a espasticidade flexora do pescoço, tronco e quadris, assim como também nos membros inferiores. Toda rotação externa com supinação e extensão de cotovelos inibe e aumenta a extensão no resto do corpo.

b) Abdução horizontal dos braços em rotação externa, com supinação e extensão dos cotovelos, inibe a espasticidade flexora, especialmente dos flexores dos peitorais e pescoço, e facilita a abertura espontânea das mãos e dedos. Também facilita a abdução das pernas com rotação externa e extensão.

c) Elevação dos braços com rotação externa inibe a espasticidade flexora e a pressão para baixo dos braços e cintura escapular e ajuda a extensão da espinha, quadris e pernas nas quadriplegias e diplegias espásticas. Entretanto, se essa espasticidade flexora do braço é parte do padrão de espasticidade extensora da perna, como nos casos de hemiplegia espástica, a elevação do braço com extensão dos flexores do tronco do lado hemiplégico, facilita a flexão e abdução da perna hemiplégica, porque isso breca o padrão de flexão do braço e extensão da perna.

d) Extensão dos braços diagonalmente para trás inibe a espasticidade flexora como na abdução horizontal e pode ser mais efetiva nos caos severos e seria melhor iniciar cm essa manobra do que com a anterior, porque quando os braços são colocados em abdução horizontal, a espasticidade flexora pode se tornar mais forte. Esse ponto facilita a mesma coisa que a abdução horizontal, a abertura de mão e dedos, mesmo quando, a princípio, os braços estejam em rotação interna e extensão ( Temple Fay, Unlocking of Reflexes), mas deve ser feito, se possível, com rotação externa. ( Adução e rotação interna aumenta adução e rotação interna das pernas e flexão do tronco. Portanto, isso deve ser evitado no tratamento).

e) Abdução do polegar com o braço em rotação externa. Rotação externa e extensão facilita a abertura dos dedos. O punho deve estar estendido.

3. Pernas e pelvis:

a) Flexão das pernas favorece (facilita) a abdução e rotação externa assim como a dorsiflexão.

b) Rotação externa com extensão facilita a abdução e dorsiflexão.

c) Dorsiflexão dos artelhos, especialmente dos 3 ou 4 últimos, inibe a espasticidade extensora da perna inteira e facilita a dorsiflexão do tornozelo, assim como também a rotação externa e a abdução da perna, porém torna a extensão de joelhos e quadris mais difícil, especialmente quando em pé.

4. Prono:

a) Cabeça levantada, braços estendidos acima da cabeça, espinha estendida facilita a extensão de quadris e pernas.

b) Cabeça levantada com braços estendidos em abdução horizontal facilita a extensão da espinha dorsal, abertura dos dedos e abdução das pernas.

c) Cabeça para um lado, enquanto a levantamos facilita a flexão-abdução da perna daquele lado e o movimento para cima do braço como no arrastar-se. Nas hemiplegias, a cabeça em direção do lado afetado, facilita a atividade do braço e perna daquele lado.

5. Supino:

Em crianças muito pequenas, com grau leve de espasticidade, mas com retração de pescoço e ombro, a flexão das pernas em abdução contra o abdomem, com alguma pressão para baixo, facilita o movimento dos braços para frente e mãos juntas na linha média.

6. Sentada:

a) Flexão dos quadris, tronco bem para frente, pernas abduzidas facilita a extensão da espinha e a elevação da cabeça. ( O sentar como ‘alfaiate’ torna isso mais fácil, mas é um perigo para os pés e dá muita flexão nos quadris, com o perigo subsequente das contraturas em flexão nos quadris, e depois dificuldade em ficar em pé e lordose.) Isso deve ser feito com as pernas estendidas.

b) Adução dos braços estendidos: segurando os braços para frente estabiliza a cintura escapular e facilita o controle de cabeça quando puxado para sentar e levado para supino novamente.

c) Pressionando o esterno, e consequentemente fletindo a espinha dorsal inibe a retração de pescoço e ombro e traz a cabeça e braços para frente, para o controle de cabeça e o alcançar para frente com os braços.

7. Ajoelhado, em pé e a marcha:

a) Flexão dos braços com pronação e rotação interna e flexão da espinha dorsal inibe os espasmos extensores e a hipertensão dos quadris e joelhos atetóides, mas produz flexão nos joelhos e quadris nos espásticos.

b) Extensão de braços em rotação externa sendo segurados em diagonal para trás, inibe a espasticidade dos flexores do tronco, quadris e pernas nos espásticos, e facilita a extensão da espinha, quadris e pernas com rotação externa e abdução.

8. A posição de quatro com suporte de peso com braços estendidos e mãos abertas:

Isso é facilitado levantando a cintura escapular da criança e puxando seus ombros para trás. Essa manobra previne a protração excessiva dos ombros (com espasmo dos peitorais). Inibe a espasticidade flexora e adução dos braços e facilita a extensão, abdução e a abertura de mãos e dedos.

9. Semi-ajoelhado:

A pelvis da criança é rodada para trás no lado de não suporte de peso, isto é, a perna da frente. Isso estabiliza a pelvis e previne a adução e flexão da perna que está na frente, assim como a flexão da perna com suporte de peso.

Técnicas De Propriocepção e De Estimulação Tatil:

A base racional dessas técnicas de propriocepção e de estimulação tátil é provavelmente similar à base das técnicas de ‘resistência máxima’ e ‘estabilização rítmica’ usadas por Kabat (1948, 1959) e Knott (1952), ou seja, reforçando e somando através de aplicação de estimulação cuidadosa e repetitiva.

Essas técnicas são usadas:

1. Quando existe uma fraqueza dos músculos, aparente ou real, após a hipertonia, isto é, a espasticidade ou espasmos intermitentes foram reduzidos ou completamente inibidos no tratamento.

2. Quando tem um déficit sensorial com ‘fraqueza muscular’ devido à falta de input sensorial.

3. Quando não tem nenhum déficit sensorial mas a criança não sabe como movimentar-se por causa da falta de experiência sensório-motora prévia ou por uma apraxia.

As principais técnicas de estimulação são:

1. Suporte de peso, pressão (compressão), resistência.

2. ‘Placing’ (Colocação) e ‘Holding’ (Manutenção) – (ambas automáticas e voluntárias).

3. ‘Tapping’.

Essas técnicas podem e devem ser usadas em combinação ou isoladamente, dependendo das necessidades do paciente. Elas podem ser usadas alternadamente ou simultâneamente.

1. Suporte de peso com ou sem pressão e resistência:

Posturas estáticas não devem ser usadas, especialmente na criança espástica. Aqui, os movimentos de ajustamento intrínsecos e automáticos devem ser obtidos através de transferência de peso constante em grandes amplitudes, para os lados, para a frente, para trás, e diagonalmente, enquanto damos pressão e resistência. Isso pode ser feito em várias posições e atividades, em supino, prono, sentada, em pé e andando. Uma combinação de suporte de peso, pressão e resistência pode ser usada em todos os casos para conseguir um tonos postural ‘firme’, para a manutenção da postura contra a gravidade e para o controle dos movimentos involuntários.

2. ‘Placing’ e ‘Holding’:

‘Placing’ é um termo usado para descrever a habilidade do paciente em interromper um movimento em qualquer etapa, automaticamente ou voluntariamente. Em uma pessoa normal, isso pode ser demonstrado quando movimentamos passivamente seu membro, por exemplo, seu braço, com um mínimo suporte de seu peso (levemente segurado e não apoiado pela mão inteira do terapeuta), e deixá-lo ir, isto é, largá-lo em várias etapas de um movimento. O membro, então, vai ficar automaticamente, por um momento, onde ele havia sido largado. O membro fica leve quando movimentado enquanto a pessoa normal o controla ativamente e automaticamente em toda a extensão do movimento. Portanto, ‘Placing’ é definido como a adaptação automática dos músculos às mudanças de postura a isso é uma parte necessária e inseparável do mecanismo de reflexo postural normal. Essa reação normal ao ‘placing’ é um pré-requisito para o controle harmonioso de qualquer etapa de um movimento voluntário.

No tratamento, o corpo e membros do paciente são colocados em várias posições e ele é requisitado a manter e controlá-los sem ajuda, em uma grande variedade de padrões funcionais e em várias etapas e em diversas amplitudes de um movimento.

3. ‘Tapping’:

‘Tapping’ é freqüentemente usado em combinação com ‘placing’. Na verdade, é um meio de tornar o ‘placing’ possível.

‘Tapping’ é um meio de aumentar o tonos postural do tronco e dos membros através de estimulação proprioceptiva e tátil. Também é usado para aumentar a atividade de um grupo muscular específico.

O ‘tapping’ é aplicado no tronco, no membro, ou em uma parte do membro, a princípio em intervalos regulares em uma rápida sucessão, e gradativamente – quando as respostas ativas ocorrem – em intervalos irregulares e mais vagarosamente.

‘Tapping’ é somente usado quando há uma fraqueza aparente ou real de um grupo muscular específico, ou em hipotonia global, isto é, falta de sustentação do controle postural contra gravidade. Não deve ser usado na presença da espasticidade ou de espasmos, ou quando, durante o processo de aplicação de ‘tapping’, tais sinais de hipertonia aparecem. No caso desse último dado citado, pode ocorrer mesmo se no começo da aplicação de 'tapping', o tonos muscular estava bastante baixo. Então, o ‘Tapping’ tem de ser interrompido imediatamente e a atividade reflexa tônica anormal deve ser inibida, até que não tenha sinais de hipertonia. ‘Tapping’ pode então ser reiniciado.

Todas as Técnicas de estimulação, mas especialmente o ‘tapping’, podem eliciar respostas motoras anormais nos pacientes com paralisia cerebral. É aconselhável, portanto, usar o ‘tapping’ junto com padrões inibitórios de reflexos, para prevenir os padrões de atividade reflexa tônica anormal, e para localizar e direcionar o efeito da estimulação para onde for desejada.

O efeito do ‘tapping’ em produzir um aumento de tonos e contrabilidade dos músculos, se deve à adição e abastecimento espacial e temporal de impulsos nervosos aos músculos. Os primeiros ‘taps’ são muito preliminares e não resultam em uma resposta. Em pacientes com tonos muscular muito baixo pode levar muito tempo, e temos que aplicar uma série de ‘taps’ antes que uma resposta possa ser percebida. Cada ‘tap’ deve ser seguido por outro antes que o efeito do anterior diminua. Por essa razão os ‘taps’ devem seguir a outros de forma rápida no começo. Se permitimos que o paciente ‘relaxe’ entre os ‘taps’, o efeito se perderá. Por outro lado, se os ‘taps’ forem feitos um atrás do outro rápido demais, o paciente não terá tempo de reagir e o terapeuta não terá como julgar o efeito. Objetivamente falando, ‘tapping’ é iniciado de forma rápida e quando temos a primeira resposta, isto é, quando as primeiras contrações musculares são percebidas e o paciente começa a manter um membro ou o tronco ativamente, diminuímos a velocidade da aplicação do ‘tapping’ e os intervalos entre cada um são mais prolongados, de tal forma que o terapeuta possa julgar quanto tempo o efeito do ‘tapping’ anterior dura. Ao primeiro sinal de relaxamento do paciente, ‘tapping’ é reiniciado. Com freqüência, é necessário dar somente um ou dois ‘taps’ para recuperar a atividade novamente. O ritmo do ‘tapping’ deve ser modificado freqüentemente , uma vez que uma resposta tenha sido eliciada, porque, se o paciente se acostuma a um certo ritmo, ele se torna inativo e se ‘entrega’ ao apoio do terapeuta. Mas quando o ritmo do ‘tapping’ é modificado com freqüência, o paciente continua a controlar o seu tronco ou membros automaticamente como uma proteção contra a queda. Os ‘taps’ têm que ser dados de forma precisa e a parte do corpo tocada somente por uma fração de segundos, e deixada sem apoio entre os ‘taps’, de tal forma que o paciente possa assumir o controle dessa parte quando sem suporte. Se a mão do terapeuta permanece por muito tempo, o paciente ficará passivo e relaxado, e nenhuma atividade será conseguida. As reações do paciente que se seguem a uma série de ‘taps’ têm que ser cuidadosamente observadas e o ritmo e direção do ‘tapping’ se modifica, de acordo com essas reações.

Há quatro tipos de ‘tapping’:

1. “Tapping’ de Inibição

2. ‘Tapping’ de Pressão

3. ‘Tapping’ Alternado

4. ‘Tapping’ por Deslizamento

O ‘tapping’ serve para:

a) Ativa grupos musculares ‘fracos’ que não conseguem contrair-se como um resultado da inibição recíproca pelos músculos antagonistas (‘tapping’ de Inibição).

b) Aumentar tonos postural para a manutenção da postura contra a gravidade (‘tapping de Pressão).

c) Obter graduação apropriada da inervação recíproca, e para estimular as reações de equilíbrio (‘tapping’ Alternado).

d) Ativar padrões sinérgicos da função muscular pela estimulação de grupos musculares específicos responsáveis por aquela ação, com um movimento de alisar firme na direção do movimento desejado (‘tapping’ por Deslizamento).

1. ‘Tapping’ de Inibição:

Ele é feito para aumentar a função de músculos que não conseguem contrair por causa da atividade excessiva de seus antagonistas hipertônicos. Portanto, a hipertonia tem que ser primeiro reduzida com os padrões de inibição reflexa, com alongamento dos grupos musculares hipertônicos e com o encurtamento dos músculos ‘fracos’ e inativos. Quando não há hipertonia, mas também não tem habilidade para o paciente manter uma posição desejada, ‘tapping’ é feito pela liberação momentânea da parte do corpo para ser mantida pelo paciente, mas é segurado imediatamente antes que ele caia mais do que uma fração de centímetros. Em cada vez, isso produz um pequeno alongamento dos grupos musculares encurtados e inativos em sua amplitude interna. Através da repetição isso dá mais tonos a esses grupos musculares e capacita o paciente a manter uma posição (contração isométrica).

Os músculos, em si, não são tocados. O ‘tapping’ é feito em direção do padrão funcional desejado.

É chamado de ‘tapping’ inibitório porque o principal propósito é obter função através da inibição, mas enquanto inibe a hipertonia ele facilita a atividade nos grupos musculares opostos.

2. ‘Tapping’ de Pressão:

É feito para obter co-contração para manutenção da fixação postural. ‘Tapping’ de pressão ativa a contração simultânea dos agonistas e antagonistas. Esse tipo de ‘tapping’ é iniciado em uma ‘posição média’ na qual tanto os agonistas como os antagonistas têm aproximadamente o mesmo comprimento, e não na extensão interna ou externa de qualquer grupo muscular. É uma forma muito forte de estimulação dos receptores musculares e articulares.

Ele pode ser alternado com o ‘tapping’ inibitório (ou segui-lo).

3. ‘Tapping’ por Deslizamento:

Esse tipo de ‘tapping’ é difícil de ser descrito porque, embora seja o único tipo de ‘tapping’ aplicado a um músculo específico, é feito sobre o músculo com um movimento se alisamento firme que ativa, não somente o músculo em si, mas um padrão inteiro de ação muscular. É, na verdade, a estimulação de um padrão de função através da ativação dos ‘primeiros movimentos’ daquele padrão.

O ‘tapping’ é feito com uma batida precisa e firme com os dedos do terapeuta estendidos, pelo comprimento do músculo ou em um número de músculos que trabalham na mesma direção, e que têm uma função sinérgica.

4. ‘Tapping’ alternado:

Esse tipo de tapping é feito, geralmente, como uma seqüência do tapping de pressão, isto é, quando o paciente é capaz de manter uma posição média de maneira firme. Ele melhora a graduação da contração e descontração dos agonistas e antagonistas. É também útil para estimular as reações de equilíbrio e faz parte das técnicas de facilitação dos movimentos automáticos. É feito por um tapping suave com os dedos do terapeuta estendidos como no tapping de inibição.

Falando de uma maneira geral, as posições que o paciente é estimulado a manter, isto é, aquelas nas quais o paciente deverá ser ‘placed’ (colocado) através do ‘tapping’, são:

1. Posições que são essenciais para a estabilidade e fixação do tronco, cintura escapular e pélvica, quando sentado, ajoelhado e em pé, de tal forma que os movimentos independentes de sua cabeça, braços e pernas se tornem possíveis.

2. Etapas intermediárias desses movimentos que os pacientes não conseguem realizar, ou os quais, ele realiza numa maneira incontrolavelmente desajeitada, devido a falta de tonos muscular ou ao desequilíbrio dos antagonistas.

Sem comentários:

Enviar um comentário